ESSA PÁTRIA ‘TÁ DIFERENTE
Por Marcelo Mesquita (*)
O dia de ontem, 7 de setembro de 2021, 199º Dia da Independência do Brasil, de repente, ‘sem quê nem pra quê’, fez-me recordar uma música de sucesso de Chico Buarque: Essa moça 'tá diferente. Logo no início da 1ª estrofe, ela afirma que ‘Essa moça tá diferente, já não me conhece mais... Essa moça ‘tá decidida a se supermodernizar’.
É que, apesar de passados 2 anos e oito me
ses da mudança de sistema de governo, após o fim dos 13 anos e 8 meses de PT mais 2 anos e 4 meses de PMDB – Temer (PMDB) assumiu em 31/08/2016, após o impeachment de Dilma Roussef – eu, como decerto a maioria dos brasileiros, ainda não me convenci de que o nosso país mudou.
E não posso nem me valer do pensamento de Bertolt Brecht, grande dramaturgo, poeta e encenador alemão do século XX, pois ele me confunde ainda mais, quando diz que “Só acredite no que os seus olhos vêem e seus ouvidos escutam. Não acredite nem no que os seus olhos veem e seus ouvidos escutam. E saiba que não acreditar ainda é acreditar”.
Mas eu prefiro acreditar que tudo que eu vi ontem foi real.
Aliás, as manifestações pró-Bolsonaro de ontem, sobretudo no Distrito Federal e em São Paulo, não lembraram apenas a letra da música e Chico. Lembraram também outros atos presenciados durante o Movimento das Diretas Já, na década de 1980, em que os brasileiros também trajavam verde e amarelo, os jovens pintavam a cara e protestavam sem causar nenhum tumulto, quebra-quebra, baderna, destruição de patrimônios públicos e privados, invasão de agências bancárias, queima de pneus e a grande maioria vestida de vermelho, promovendo violência e amedrontando a população, as famílias.
O que se viu ontem, e sempre tem sido visto nas manifestações dos bolsonaristas, é algo muito diferente de tudo isto. E a população não se resume a um único membro de uma família. São casais que vêm juntos com seus filhos, os avós, os irmãos, os vizinhos, formando grupos alegres, sorridentes, festeiros e, quase sempre, cantando o Hino Nacional e gritando ‘Mito! Mito! Mito!”.
Em sua coluna desta quarta-feira, o jornalista Magno Martins bem lembrou que “ O último ato contra o Governo em São Paulo, convocado por partidos de esquerda e entidades, terminou com o registro de depredação contra patrimônio público e agências bancárias, além de violência contra policiais que davam segurança ao evento. Alguns manifestantes atearam fogo em pontos de ônibus e quebraram vidros de agências com caixas eletrônicos em funcionamento, entrando em confronto com soldados da Polícia Militar de São Paulo e agentes de segurança de uma estação de metrô e atirando coquetéis ‘molotov’ contra os seguranças e os policiais”.
Até a Globo se rendeu e, para evitar passar mais vergonha, teve que mosrar que as grandes manifestações pacíficas ocorrerarm nas 26 capitais e em Brasília, muito embora no mesmo horário tenha dedicado espaço maior para “análises” de juristas, certamente de grupos antibolsonaristas.
Ressalte-se que os atos dos quais estamos falando não aconteceram apenas no Brasil. Também foram registrados nos Estados Unidos e Canadá, onde grandes multidões de brasileiros – e, provavelmente, de americanos que a eles se juntaram -, em cidades como Nova York, Miami, Chicago, Boston, Toronto, Montreal, Ottawa também realizaram atos pró-Bolsonaro. Posso até arriscar, embora não tenha feito esse levantamento, nem registrado nenhuma notícia a respeito, que o mesmo se deu por todo o mundo onde viva, pelo menos, um brasileiro.
Finalizando, para não dar uma da Globo e da imprensa que adora publicar e divulgar notícias ruins, miséria e desgraça, ressalto que também houve atos contra Bolsonaro, no país. No Anhangabaú, em São Paulo, por exemplo, com discursos de Fernando Haddad e Guilherme Boulos, grupos de esquerda realizaram ato contra Bolsonaro. E, apesar de poucas dezenas de presentes, duas pessoas ainda foram detidas em estação de metrô por porte de armas e de objetos proibidos. Nos demais estados, não vi nenhuma notícia, positiva nem negativa, dessas pessoas que adoram se vestir de vermelho.
É, essa nossa Pátria ‘tá diferente, está pra lá de pra frente, querendo se modernizar’. Vou esquecer Brecht e vou acreditar no que estou vendo e no que estou ouvindo.
(*) Marcelo Mesquita é diretor-presidente do Grupo TOTAL
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