Por: Severino Francisco (*)
É estarrecedora a inércia interna das instituições, da imprensa e do Judiciário dos Estados Unidos ante às sandices de Donald Trump. Em menos de dois meses, ele está implodindo o sistema de comércio internacional, construído, em grande parte pelos Estados Unidos, com caprichos dignos de um ditador de republiqueta de bananas.
Não ouve pessoas sensatas, não toma decisão baseada em avaliação de nenhuma instituição e não pensa nas consequências dos atos. Considera que ele está certo e o resto do mundo errado. Por isso, declarou guerra comercial planetária. Os economistas previam consequências catastróficas. Não vi nenhum vislumbrar um tempo de grandeza para os Estados Unidos. Todos predizem inflação, desorganização das cadeias produtivas e recessão.
Não deu outra. As bolsas despencaram em todo o mundo. Claro, a imprevisibilidade de Trump tornou-se um fator de risco. Então, ele foi obrigado a recuar com as tarifas por 90 dias porque empresas norte-americanas como a Apple, pois, em um mundo globalizado, componentes essenciais para a fabricação de computadores vem dos países asiáticos. Os correspondentes nos EUA informam que, depois das trapalhadas de Trump, ninguém tem a coragem de sair às ruas com o boné em que está estampado o slogan de campanha: Maga – Make American Great Again.
Somente os falsos patriotas ainda ostentam o desplante de defender Trump no parlamento brasileiro. Eles podem ser patriotas em relação aos Estados dos Unidos, mas, em relação ao Brasil, são vira-latas submissos aos desígnios de um presidente ignaro, insensato e irresponsável, que estabeleceu uma política na qual todos sairão perdedores.
O próprio fato de os Estados Unidos elegerem uma pessoa com a qualificação e o currículo de Donald Trump já é, em sim, o sinal da decadência. A falência da Justiça norte-americana fica clara. Como é que a nação mais poderosa da Terra declara presidente um cidadão com três processos criminais e 88 acusações na Justiça? Como é que permite retomar o poder um presidente que incitou um golpe de Estado?
O que esperar de um cidadão com esse histórico? Ele disse que, se eleito, acabaria com as guerras da Rússia e da Ucrânia e de Israel com o Hamas em questão de horas. As horas, os dias e os meses se passaram e a sandice da guerra continua.
Trump retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris para conter a crise climática. Segundo ele, não existe aquecimento global. Jogou a culpa pelo alastramento dos incêndios na Flórida na incompetência dos bombeiros. É assim que ele pretende enfrentar emergência climática. O suposto defensor da liberdade de expressão absoluta proibiu qualquer referência ao tema na comunicação oficial do governo.
O fiel escudeiro bilionário Elon Musk tirou o apoio financeiro para a Usaid, a mais impotante organização humanitária dos EUA. Em nome da liberdade de expressão, o outro fiel escudeiro bilionário Marc Zuckerberg anunciou o fim de qualquer monitoramento ou filtro dos conteúdos nas big techs. Nessa semana, vimos a notícia de que uma menina de oito anos de Ceilândia morreu por participar de um desafio com desodorante.
A nação poderosa do mundo é governada por três bilionários patetas. Não se pode governar uma nação como se ela fosse uma empresa. As ações da Tesla de Elon Musk despencaram. E as das bolsas de valores também. O estrago está feito. Como confiar em um presidente mentiroso, narcisista, megalômano e irresponsável, que rasga tratados internacionais e quer transformar em lei universal a vontade pessoal de ditador de republiqueta de banana?
Repito: a guerra de Trump é perdida. Ele é xenófobo; o mundo é globalizado. O comportamento de Trump deveria funcionar como alerta para os cidadãos brasileiros ponderarem muito bem em que votarão nas próximas eleições.
Sensação
Vento
Umidade